sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Deixo-vos com um artigo do Jornal Público, que achei deveras interessante e que contextualiza um pouco do artigo anterior, intitulado "Agora é a vez da Alemanha".
Sei que algumas pessoas se perguntam o porquê de eu colocar este tipo de notícias no meu blog. Coloco-as, porque acho importante as pessoas estarem informadas sobre aquilo que se passa à sua volta para assim poderem tomar as decisões acertadas.



Só a Grécia tem um plano de austeridade mais duro


O Governo queria dar um sinal aos mercados internacionais, para acalmar os receios sobre a dívida pública e evitar que a torneira do financiamento se fechasse. Mas, pelos vistos, foi preciso um grande sinal. As várias medidas de austeridade apresentadas pelo Governo ao longo deste ano ascendem a 11.215 milhões de euros, o equivalente a 6,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) português.

Nos outros países que lançaram planos de consolidação orçamental - Alemanha, França, Irlanda, Espanha, Itália ou Reino Unido - o esforço é consideravelmente inferior face à dimensão dessas economias. A Grécia é a excepção, com um pacote de austeridade que representa 12,6 por cento do seu PIB.
Como a duração dos programas dos vários governos europeus é variável (há planos, como o da Alemanha, que duram até 2014 e outros, como o nosso, que vão até 2011), o PÚBLICO fez também as contas ao impacto que cada plano de austeridade teria por cada ano de vigência. Também aqui Portugal surge como o segundo país, depois da Grécia, com maior impacto das medidas de austeridade na economia - uma média de 3,35 por cento por ano.
No caso português, o impacto total de 11.215 milhões de euros resulta de três pacotes de medidas: o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) de Março passado, as medidas adicionais de Maio (PEC II) e as medidas mais duras de contenção conhecidas esta semana. O programa posto em marcha assemelha-se aos outros planos de austeridade pela Europa: aumentos de impostos, corte de salários na função pública, cortes nas prestações sociais e redução do investimento.
O objectivo de todos esses pacotes é reduzir os pesados défices orçamentais, que engordaram à custa das medidas de estímulo económico lançadas durante a crise e fizeram os investidores nos mercados internacionais desconfiar de que os países não conseguissem honrar os seus compromissos financeiros. A consequência imediata foi a subida galopante das taxas de juro da dívida pública, sobretudo dos países com maiores problemas orçamentais - Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal. A Grécia viu-se mesmo obrigada a recorrer à ajuda europeia, enquanto os outros países tiveram de apertar a consolidação orçamental para restaurar a confiança dos mercados e o fluxo de financiamento à economia.

Os planos europeus
Logo no início de Maio, a Grécia deu o pontapé de partida, ao avançar com medidas para poupar 30 mil milhões de euros ao Estado nos próximos três anos. Além de um novo aumento do IVA, o Governo congelou os vencimentos da função pública, eliminou os subsídios de Natal, férias e Páscoa e aumentou a idade da reforma para os 67 anos. Ao mesmo tempo, está a proceder a um forte emagrecimento das entidades e serviços do Estado, que, por si só, emprega 13 por cento da população activa do país. Estas medidas, que foram a moeda de troca para a Grécia conseguir o "resgate" europeu, vão permitir baixar o défice para os 8,1 por cento este ano, 7,6 em 2011 e 2,6 em 2014.
Os outros países com problemas de dívida pública - Irlanda, Espanha e Portugal - não tardaram em seguir as pisadas dos gregos. O Governo irlandês apresentou mesmo um dos planos de austeridade mais severos, com uma redução de 5 a 15 por cento nos salários da função pública e cortes nas prestações sociais e abonos de família. Contudo, apesar da dureza das medidas, o peso do Estado na Irlanda é bastante inferior ao de outras economias europeias, o que explica que o impacto do seu plano de austeridade em função do PIB seja menor, por exemplo, que o de Portugal.
Em Espanha, as medidas anunciadas têm em vista reduzir o défice de 11,1 por cento (2009) para seis em 2011 e incluem cortes de oito por cento nas despesas, redução dos salários da função pública e aumento de um por cento no IRS para rendimentos acima de 120 mil euros anuais.
A Itália - que inicialmente acrescentava mais um "I" ao grupo dos PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha, os países com problemas de dívida), mas que acabou por ser menos penalizada - também apostou na consolidação, e nem as maiores economias - Alemanha, França e Reino Unido - quiseram deixar de dar o exemplo. Com tanta austeridade pela Europa, até mesmo do grande motor da economia europeia - a Alemanha - não falta quem prenuncie quebras no consumo, no investimento e mais desemprego. Na Grécia, a contenção agravou a recessão. Portugal, com o segundo plano de austeridade mais duro, poderá seguir o mesmo caminho

Jornal Público
de 02/10/2010

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