quarta-feira, 8 de junho de 2011
É provável que muitos eleitores tenham votado no PSD para se verem livres de José Sócrates. Sobre as razões porque o líder do PS conseguiu somar tanto ódio escreverei amanhã.
Só que nestas eleições houve uma novidade: não há forma dos eleitores dizerem que foram enganados. Desta vez o voto contra quem está não podia ignorar o conteúdo do programa de quem vinha aí. Nunca um candidato a primeiro-ministro foi tão claro nos seus propósitos.
A descapitalização da segurança social, através da drástica redução do taxa social única; o provável aumento do IVA; a privatização parcial do Serviço Nacional de Saúde e da Escola Publica; a privatização das Águas de Portugal e de muitas empresas e serviços públicos; a liberalização dos despedimentos; e a redução das prestações sociais foram sufragadas nas urnas. Ninguém poderá dizer que Passos prometeu uma coisa e fez outra. Não foi assim com Durão Barroso. Não foi assim com José Sócrates. Mas Passos, honra lhe seja feita, foi claro.
Claro que quando as pessoas forem afetadas diretamente por estas medidas se irão opor. Claro que se vão sentir enganadas. Claro que vão protestar. Claro que vão falar mal da classe política. Mas espero que não se esqueçam nunca que a democracia exige responsabilidade.
Dito isto, não ignoro as culpas do PS, em particular (e ninguém pode dizer que não merece esta pesada derrota), e da esquerda em geral. Mas disso tratarei nos próximos dias. Agora fico-me por isto: o programa mais liberal da história da política nacional foi aprovado pelo povo. Vai doer. Mas dói com legitimidade democrática.
Escreverei, nos próximos dias, mais três textos sobre os resultados eleitorais, incluindo sobre o PS e restantes partidos.
Comentário de Daniel Oliveira
Retirado do jornal Expresso

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